Uma curiosa e triste história me foi contada por um CD do Rio de Janeiro, desbravador do atendimento odontológico para pacientes especiais sob sedação.
“Aconteceu em seu sítio, nos arredores da capital, a saga de Tico, um esquilo domesticado que morava em seu viveiro com todas as mordomias. Certo dia Tico escapou e foi encontrado por um morador local que após receber algumas dentadas do roedor torceu-lhe o pescoço por vingança, porém sem tirar sua vida. Como todos no local conheciam a procedência do esganado esquilo disseram que devolvesse o animal o quanto antes para evitar as reclamações do “doutor”.
Quando o colega retornou ao sítio alguns dias depois encontrou Tico amuado com o rosto retorcido e os incisivos exageradamente aumentados de tamanho. O dedicado CD conseguiu alimentar seu amiguinho com óleo vegetal, mas avaliou que o crescimento dentário era causado pela dificuldade do movimento mandibular devido a uma luxação da ATM, impedindo a atrição e desgaste incisal.
Tentou realizar a redução sem sucesso pela agitação do animal, então teve a ideia de colocar um chumaço de algodão com éter para que Tico dormisse facilitando a manobra. Após alguns minutos, sedação obtida, foi feita a recolocação da mandíbula e desgastado os incisivos com esmeril, tendo o cuidado de não expor a polpa.
Tico o esquilo
Feliz com o sucesso da operação nosso colega, junto ao seu filho, aguardaram a recuperação de Tico, mas infelizmente após algum tempo atestaram a morte do animal, que resistiu ao destempero do malfeitor, mas não à iatrogenia de seu “descuidado” amigo, que só depois veio a tomar ciência da incompatibilidade entre roedores e éter.”
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Aproveitando a história de Tico veio a memória a passagem de Millie, a coelha do meu filho, que conviveu conosco por 2 anos e faleceu recentemente (não tive culpa!!) (*).
Falando em coelhos e passagens, desejo uma Feliz Páscoa aos leitores do Portal da Medicina Oral.
(*) Apesar de comumente confundidos como pertencentes à ordem dos roedores os coelhos não o são.