Em resumo, estes parecem ser os interesses particulares de cada um dos personagens em relação às novas residências em Odontologia:

§ Dra Ana Haddad (da Comissão de Residência do Ministério da Educação – representante do Ministério da Saúde) e demais atuantes da saúde coletiva, privilegiando a Atenção Básica:

Interesse:

Querem um modelo de “Residência multiprofissional” para a Odontologia Hospitalar nos moldes da existente no Grupo Hospitalar Conceição (de Porto Alegre).

Ver links:

http://www.abeno.org.br/Palestra%20Resid%EAncia-Ana%20Estela%20Haddad.ppt

http://www.abeno.org.br/Palestra%20Resid%EAncia-J%FAlio%20Baldisseroto.ppt

Comentários:

Como já foi colocado anteriormente concordo com o modelo da Residência Multiprofissional (ligada à saúde coletiva), ela contempla um novo conceito em pós-graduação que enriquece o conhecimento da área da saúde em atenção às necessidades básicas da população e não somente na questão hospitalar.

Mas querer que seja este modelo o único a ser vislumbrado na Odontologia é não atentar para a totalidade dos problemas que acometem os pacientes (e usuários do SUS). Nesse ponto, acho que a Comissão de Residência deve ampliar este conceito e permitir e estimular a implantação da “Residência em área profissional da saúde”, conforme está escrito na nova regulamentação, pois não existe nenhuma residência em Odontologia de alta complexidade custeada pelo MEC e MS.

§ Da ABENO e provavelmente do CFO:

Interesse:

Criar residências para abarcar o modelo de especialidades já existentes (só teremos as notícias do que será proposto ao MEC e MS daqui a algum tempo), acredito que no modelo de “Residência em área profissional da saúde”.

Comentários:

Com relação aos interesses da ABENO e CFO, lembro que o conceito de Residência (criado no Brasil, no Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro, a partir de um modelo de vivência hospitalar usado nos EUA) é intimamente ligado a questões da alta complexidade. Utilizar este modelo para as especialidades odontológicas sem abranger a vivência hospitalar é, a meu ver, um retrocesso.

Mas que fique claro o nosso não conhecimento, por enquanto, do texto que será enviado pelo CFO ao Ministério da Saúde.

§ Conclusões do www.medicinaoral.org (baseadas no que venho escrevendo aqui no Medicinaoral e nas reuniões do CRORJ):

Acho que devíamos em primeiro lugar:

– enviar ao CFO e ABENO questionamentos sobre o modelo proposto para as residências odontológicas a ser enviado ao MEC/MS.

Em segundo lugar:

propor uma mudança de modelo de ensino na graduação, privilegiando os conhecimentos da medicina oral com aumento da carga horária de disciplinas básicas (farmacologia, anatomia, fisiologia, patologia…) conforme ensinadas na Medicina.

propor a criação da Medicina Oral como disciplina do currículo profissional, privilegiando o atendimento a pacientes com comprometimento sistêmico, e finalizando com um internato obrigatório nesta área (seja na atenção básica (AB), na Odontologia Hospitalar (OH) ou em ambas, o que seria o ideal).

tornar obrigatória a vivência em Medicina Oral (teórica e prática, na AB e OH) por um ano, em horário integral antes de permitir a especialização nas áreas da medicina oral (estomatologia, pacientes especiais, CTBMF, patologia bucal, periodontia (médica) e dor orofacial). Que idealmente seriam exercidas no formato de residência.

Acredito que essa mudança no modelo de ensino Odontológico seria benéfica para os interesses da classe e da sociedade em geral, pois proporcionaria profissionais mais qualificados que os atualmente em atividade.