Há um mês recebi um paciente no hospital com uma lesão no lábio inferior, com duração de 1 ano. Relatou que já tinha recebido um diagnóstico de câncer mas não acreditou no diagnóstico pois suspeitava que na verdade tinha uma paracoccidioidomicose (SIC). Sim, ele consultou o Dr. Google.
Lhe expliquei que nada poderia fazer sem ver o laudo prévio e, talvez proceder uma nova biópsia. Ele se colocou avesso à ideia, pois queria receber antifúngicos de qualquer forma.
O paciente, apesar de minha insistência, ainda não retornou para a segunda avaliação. Esta semana comunicarei a situação ao Serviço Social.
_____________________
O vídeo abaixo, de ampla repercussão na mídia, também apresenta um caso de dificuldade clínica pois o jovem teve um planejamento terapêutico direcionado à doença infecciosa (”tudo começou com um probleminha no dente”, disse o Oziel) antes do correto diagnóstico de um câncer bucal.
____________________
Quis relatar os casos acima para mostrar como há interferências, objetivas e subjetivas, que transformam condutas básicas em caminhos tortuosos.
No primeiro caso um paciente resistente e descrente da profissão, no segundo uma séria sequela de um tratamento equivocado.
Ambos mostram o quanto é necessária a discussão ampla da Medicina Oral no Brasil.